domingo, 22 de maio de 2011

Naquele dia

Houve o ano que você chegou, inteiro. E depois disso, a cada mês, um pedaço seu ia embora. E eu ficava com cada parte sua que te escorregava, e tentava te montar em mim, te moldar pra mim. Foi quando percebi a bagunça que havia feito trocando seus pés pelas mãos e beijando sua orelha ao invés da boca. Tentei colocar seus olhos apenas voltados para mim e me dei conta que eram sua amigdalas que me olhavam e queriam voltar para a garganta, e queriam gritar por liberdade. O seu coração guardei em uma garrafa, sob meu poder, mas para mim não tinha valor algum pois não pulsava mais dentro de você.
Arrastando-se lentamente, sua língua voltou ao lugar certo e me contou como sentia. E como eu gostaria de ser capaz de colocar em palavras o que eu senti! Foi como cair de um prédio e você tentar me segurar, mas as pernas que agora ocupavam seus braços não tinham suporte para isso, e eu caí. E caí. E me levantei. E te remontei, cada pedaço em seu lugar, não no lugar que eu gostaria, mas no lugar que estava antes da minha chegada. E agora espero que cada parte se encaixe, e espero que você volte para mim, inteiro.
Monyque Artese

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